PT atrai prefeitos do PL. Efeito Lula impulsiona legenda para 2024

A tendência aponta para um aumento contínuo no número de prefeitos petistas até abril de 2024

Repórter ABC – O Partido dos Trabalhadores (PT) tem visto um notável crescimento em sua base, particularmente no Nordeste, após as eleições de 2022, atraindo 51 novos prefeitos provenientes de outras legendas.

Com os olhos voltados para as eleições municipais do próximo ano, o PT adotou uma postura acolhedora em relação a novas filiações, ampliando significativamente o número de prefeituras e atraindo até mesmo prefeitos do Partido Liberal (PL), associado ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Impulsionado pela vitória de Lula na Presidência no ano passado, o partido viu seu quadro de prefeitos expandir em 51 membros através de migrações partidárias, segundo dados dos 26 diretórios estaduais. A legenda ampliou-se de um total de 183 prefeitos eleitos em 2020 para atuais 234 gestores municipais.

O PT, aproveitando esse momento favorável, está deixando para trás a adversidade observada em 2020, quando alcançou sua menor representação, com 183 prefeitos, registrando o desempenho mais baixo desde 1996. Seu ponto alto foi em 2012, durante o mandato da presidente Dilma Rousseff, quando conquistou 644 prefeituras.

O avanço significativo do PT foi impulsionado pelos estados de Piauí, Ceará e Bahia, todos sob liderança de governadores petistas. Além disso, houve novas filiações pontuais em estados como Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Maranhão e Mato Grosso do Sul.

A tendência aponta para um aumento contínuo no número de prefeitos petistas até abril de 2024, prazo final para novas filiações dos políticos que disputarão as eleições.

Vitor Sandes, cientista político e professor da Universidade Federal do Piauí, destaca que, ao contrário dos cargos proporcionais, os prefeitos são proprietários de seus próprios mandatos, o que lhes permite migrar a qualquer momento sem sofrer punições, visto que os custos associados a essa mudança são baixos.

Houve um movimento em direção às siglas alinhadas ao presidente, especialmente em municípios mais dependentes de recursos federais. Não surpreendentemente, o maior salto em número de prefeituras ocorreu no Piauí, um estado governado pelo PT pela quinta vez, mas que, anteriormente, estava em oposição ao governo de Jair Bolsonaro.

“Há uma disputa pela identidade do PT, que é muito forte em nosso estado. Temos municípios onde dois grupos opostos solicitaram filiação ao partido. Chegamos a recusar alguns pedidos”, declara João de Deus Sousa, presidente estadual da legenda.

O partido estabeleceu critérios para a filiação, aceitando apenas prefeitos que apoiaram Lula e o governador Rafael Fonteles em 2022. Prefeitos que apoiaram a oposição têm migrado para outros partidos aliados do PT no estado, principalmente PSD e MDB.

Na Bahia, estado de maior comando petista, o partido recebeu a filiação de dez novos prefeitos desde a vitória do governador Jerônimo Rodrigues no ano passado, ampliando de 32 para 42 gestores municipais.

“A demanda aumentou após as vitórias de Jerônimo e Lula. Voltou a ser ‘trend’ ser do PT, por assim dizer. Estamos lidando com isso de maneira equilibrada e madura. A porta não está fechada, mas também não está totalmente aberta”, afirma Éden Valadares, presidente estadual do PT.

Valadares relata que cerca de 50 prefeitos com mandato procuraram o partido nos últimos meses. No entanto, a maioria não atendeu aos critérios estabelecidos pela legenda para avaliar pedidos de filiação.

Esses critérios incluem a aprovação dos diretórios municipais e o compromisso de apoiar os candidatos a deputado do PT em 2026. Além disso, foram vetados indivíduos que apoiaram Bolsonaro ou ACM Neto (União Brasil), candidato derrotado ao governo nas eleições do ano passado.

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