Uma nova esperança surge para pacientes enfrentando o câncer de pulmão em estágio avançado, uma das formas mais letais da doença. A empresa de biotecnologia Ose Immunotherapeutics anunciou que sua vacina terapêutica Tedopi demonstrou resultados impressionantes, reduzindo em 41% o risco de morte em um ano para pessoas com câncer de pulmão de células não pequenas em estado de metástase, informou o jornal O Globo.
O câncer de pulmão é uma das principais causas de morte relacionadas ao câncer em todo o mundo, especialmente entre os homens. Estima-se que 84% dos casos sejam diagnosticados em estágios avançados, contribuindo para sua alta taxa de mortalidade. No estudo de fase 3, que é a etapa final antes da obtenção do registro sanitário, participaram 219 pacientes dos Estados Unidos e da Europa que haviam demonstrado resistência a tratamentos anteriores. Destes, 139 pacientes receberam a vacina Tedopi, enquanto 80 pacientes foram submetidos à quimioterapia. Os resultados, publicados recentemente na revista científica Annals of Oncology, são notáveis.
Além da redução significativa no risco de morte, a vacina também proporcionou uma melhoria na qualidade de vida dos pacientes. A taxa de sobrevida global em um ano com Tedopi foi de 44,4%, em comparação com 27,5% naqueles que receberam quimioterapia. O estudo foi liderado pelo professor Benjamin Besse, do Instituto Gustave Roussy. Embora esses resultados sejam promissores, é importante notar que a vacina Tedopi foi administrada em um grupo específico de pacientes que já haviam passado por dois tratamentos anteriores e que tinham o gene HLA-A2, presente em cerca de metade da população. Além disso, o tratamento envolve várias aplicações ao longo de um ano, inicialmente a cada três semanas, depois a cada oito semanas e, finalmente, a cada 12 semanas.
A Tedopi representa um avanço notável na imunoterapia contra o câncer. Ao contrário das vacinas tradicionais, que visam prevenir doenças, as vacinas terapêuticas são projetadas para tratar o câncer, treinando o sistema imunológico do paciente para reconhecer e destruir as células cancerígenas. Isso coloca a própria defesa do organismo contra a doença, tornando-a uma forma de imunoterapia. O campo da imunoterapia tem feito progressos significativos desde 2010, e o desenvolvimento de vacinas terapêuticas se beneficiou da pesquisa durante a pandemia, que acelerou a produção de vacinas, incluindo as de mRNA. Diversos tratamentos imunoterapêuticos foram aprovados desde então, e muitas pesquisas continuam em andamento.
O câncer de pulmão é um problema de saúde significativo no Brasil, representando 4,6% de todos os casos de câncer registrados no país. A principal causa do câncer de pulmão é o tabagismo ou a exposição ao fumo passivo. É essencial estar atento aos sintomas, que incluem tosse persistente, falta de ar, dor no peito, rouquidão, escarro com sangue, emagrecimento inexplicável, perda de apetite, fadiga e infecções pulmonares frequentes. Embora o câncer de pulmão ainda seja uma doença grave, avanços como a vacina Tedopi oferecem esperança e prometem melhorar a qualidade de vida e a sobrevida dos pacientes, especialmente aqueles em estágios avançados da doença. A pesquisa médica continua a avançar, oferecendo novas perspectivas para o tratamento do câncer no futuro.