Investigação reduz circulação de conteúdo violento na internet, diz pesquisadora

Enquanto alguns extremistas removem conteúdo violento de plataformas de jogos online para evitar identificação, jovens anos se reúnem em comunidades de ódio que disseminam conteúdo para incentivar a radicalização

De acordo com a pesquisadora Michele Prado, as investigações realizadas contra grupos que incentivam ataques a escolas e outras formas de violência têm apresentado resultados positivos na redução da circulação desse tipo de conteúdo na internet.

A pesquisadora, faz parte do Monitor do Debate Político no Meio Digital da Universidade de São Paulo (USP) e monitora grupos que promovem e incentivam ataques desde 2020, observa que apesar de algumas contas suspensas terem sido recriadas, os extremistas têm restringido o acesso aos conteúdos, deixando as contas privadas ou retirando os conteúdos do ar em plataformas de jogos online.

Para Michele, diminuir o acesso a conteúdos que incitam à violência é uma forma eficaz de reduzir o risco de ataques. Ela está trabalhando em um relatório para ajudar a embasar as ações do Ministério da Justiça nesse sentido e defende a criação de um banco de dados com as impressões digitais de conteúdos que já tenham sido apontados como incitadores de violência.

Essa medida permitiria que uma plataforma com compromisso de evitar a disseminação desses conteúdos pudesse derrubá-los sem a necessidade de denúncia de usuários.

Segundo a pesquisadora, as comunidades extremistas que promovem a violência reúnem jovens entre 10 e 25 anos de idade, que se relacionam por afinidade com temas como a misantropia, misoginia e antissemitismo. Esses jovens se dedicam tanto à produção quanto à disseminação de conteúdos inspiracionais e instrucionais que incentivam a radicalização e a violência. A pesquisadora destaca que alguns desses indivíduos distribuem o conteúdo ideológico ligado à extrema direita mundial e, muitas vezes, sabem de antemão dos atentados.

As mensagens distribuídas por esses grupos também são disseminadas por meio de redes sociais e usam uma estética chamada fashwave, que remete à década de 1980 e tem sido uma marca da extrema direita em diversas partes do mundo, incluindo entre os apoiadores do ex-presidente norte-americano Donald Trump. Michele Prado enfatiza que a redução da circulação desse tipo de conteúdo na internet é fundamental para diminuir o potencial de novos atentados e promover um ambiente mais seguro e pacífico.

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