Gabriel Roncon solta Fake News sobre ração escolar mas faz propaganda de alimento condenado por órgãos de saúde

Repórter ABC | Luís Carlos Nunes – Em um episódio lamentável que manchou os últimos dias da pacata Ribeirão Pires, o ex-vice-prefeito Gabriel Roncon protagonizou uma atuação digna de um enredo de ficção. A cena se desenrolou quando Roncon resolveu lançar mão de um enredo fictício, digno de uma novela de quinta categoria, ao propagar uma notícia falsa alegando que a prefeitura local estava servindo ração para os alunos da cidade.

Em um vídeo de um amadorismo constrangedor nas redes sociais, Roncon surgiu segurando uma tigela de biscoitos como se estivesse revelando segredos de estado. Mas o que ele realmente estava revelando era sua falta de senso e responsabilidade ao disseminar informações sem o mínimo de verificação, atirando lama na reputação da cidade e seus educadores.

Porém, o tiro saiu pela culatra, e o ex-vice-prefeito logo encontrou resistência na comunidade escolar do Narita, composta por profissionais dedicados, pais preocupados e alunos famintos por educação. A diretora da Escola Municipal, com uma dose notável de indignação, esclareceu de maneira irrefutável a calúnia propagada por Gabriel Roncon.

Em uma reviravolta digna de um roteiro de comédia, Gabriel foi rebatido pela comunidade escolar da E.M. Yoshihiko Narita onde em um vídeo intitulado “Nota de Repúdio – Comunidade, Pais de Alunos e Agentes Escolares”, foi expressa revolta diante das acusações infundadas de Roncon. Segundo uma mãe que questionou a veracidade do vídeo de Gabriel Roncon, destacou como seus próprios filhos sempre voltavam para casa após a escola contando sobre as refeições nutritivas que recebiam. Parece que a realidade não estava alinhada com o conto de fadas de Roncon.

Mas o enredo ficou ainda mais intrigante quando se descobriu que a suposta “ração” denunciada por Roncon era, na verdade, fornecida pela Cooperativa da Agricultura Familiar do Vale do Itajaí, situada em Dona Emma, Santa Catarina. Os biscoitos em questão, longe de serem uma dieta cruel, continham ingredientes comuns e não apresentavam qualquer risco à saúde dos alunos.

Em rápida checagem, o Repórter ABC encontrou os detalhes do processo de compra, disponíveis no Portal da Transparência de Ribeirão Pires, confirmaram que tudo estava dentro da legalidade. A categoria da compra era “CHAMADA PÚBLICA”, com o processo de aquisição devidamente homologado, entregue e aberto em datas específicas. Os itens adquiridos incluíam uma variedade de alimentos saudáveis, reforçando o compromisso com a qualidade nutricional das refeições escolares.

Além disso, a legislação federal (Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009) estabelece que pelo menos 30% dos recursos destinados à alimentação escolar devem ser investidos na compra de produtos da agricultura familiar, demonstrando a preocupação das autoridades em promover uma dieta saudável para os alunos.

Consta no Portal da Transparência do Município de Ribeirão Pires, que o processo de compras está regular, contendo as seguintes informações:

  • Categoria: CHAMADA PÚBLICA
  • Situação: Homologada
  • Número: 001/2022
  • Processo: 6824/2021
  • Entrega: 07/03/2022
  • Abertura: 07/03/2022

No procedimento licitatório, foram adquiridos:

  • Banana nanica de primeira qualidade – 12.000 quilos
  • Banana prata de primeira qualidade – 12.000 quilos
  • Arroz beneficiado branco polido longo fino – 24.000 quilos
  • Biscoito Salgado integral – 4.200 quilos
  • Biscoito de polvilho tradicional – 4.200 quilos
  • Feijão preto tipo 1 – 4.200 quilos
  • Suco de Maça integral – 24.000 unidades
  • Suco de uva integral – 24.000 unidades
  • Extrato de tomate – 1.000 quilos

Os biscoitos em questão (apelidados de ração), contém em sua composição: farinha de trigo enriquecida com ferro e ácido fólico, farinha de trigo integral, banha, ovos, chia, linhaça, água, sal e fermento. Não deve conter aditivos químicos (conservantes, corantes). Devem ser fabricados a partir de matérias primas sãs e limpas, devendo ser crocantes, não podendo estar úmidos, fermentados ou rançosos. Embalagem primária tipo polipropileno vedado com termo soldagem, íntegra, contendo 1quilo do produto. Devidamente rotulado conforme legislação vigente. Embalagem secundária de papelão resistente. Validade mínima 8 meses. No ato da entrega a fabricação deve ser recente.

Segundo consta em documento oficial, as aquisições foram distribuídas em todas as escolas muncipais e também em entidades assitenciais que mantém parceria ou convêncio com a administração municipal.

Ver documentos ao final da matéria

A atitude de Gabriel Roncon, ao propagar informações falsas e prejudiciais, revela uma total falta de escrúpulos e um desrespeito flagrante pelos cidadãos de Ribeirão Pires. Sua ação irresponsável, vinda de alguém que almeja liderar a cidade, demonstra uma preocupação meramente politiqueira e um completo desapego pela verdade.

Imagem borrada em respeito a dignidade da criança exposta na postagem original

“E aí? Você é do time Glico, Fofura ou Lobitos? A gente treina 🏋️‍♀️, mas ninguém é de ferro e esse fim de semana, quebrei a rotina pra relembrar a infância. Passei com o Pedro no mercado e quando vi o pacote de Glico, logo me vieram lembranças dos tempos de criança ⚽️ Na época, se pudesse, vivia de salgadinho Glico. Adorava E o Pedro experimentou, décadas depois e gostou também. Já vou ter que comprar mais! E você? Qual comida te lembra a infância?”, disse Roncon no post.

O salgadinho em questão tem entre os seus ingredientes: milho, óleo vegetal, condimento preparado sabor queijo (sal, soro de leite em pó, queijo parmesão em pó, amido de milho, realçador de sabor glutamato monossódico, aroma de queijo idêntico ao natural), sal e glutamato monossódico. Ver aqui.

De acordo com o Portal Casa & Jardim, “glutamato monossódio, no nosso corpo funciona como um neurotransmisssor ao cérebro, que pode levar à agitação extrema e elevação dos níveis de estresse. “É um aditivo alimentar capaz de alterar comportamento, piorar casos de euforia excessiva, causar dores de cabeça e enjoos e diversas outras complicações à saúde”.

Segundo ainda, “Em 1969, um estudo realizado por John W. Olney, do Departamento de Psiquiatria, da Washington University, no estado do Missouri, descobriu que o glutamato monossódico pode levar à necrose nauronal aguda em várias regiões do cérebro, incluindo o hipotálamo. Os testes foram realizados em camundongos récem nascidos que apresentaram o problemas no desenvolvimento esquelético, obesidade acentuada e esterelidade feminina”.

E como se isso não fosse suficiente, a hipocrisia de Roncon atingiu níveis estratosféricos quando se descobriu que ele próprio havia feito propaganda de um salgadinho de qualidade duvidosa em sua página do Instagram. Enquanto acusava as escolas de servirem “ração”, ele estava incentivando o consumo de um petisco que continha ingredientes questionáveis, como o glutamato monossódico, conhecido por causar diversos problemas de saúde.

Roncon, em uma tentativa patética de se conectar com os eleitores, revelou seu gosto duvidoso por alimentos ultraprocessados, que são amplamente condenados por profissionais de saúde. Esse comportamento contraditório só ressalta sua falta de discernimento e responsabilidade ao lidar com questões de alimentação e saúde pública.

Em última análise, as ações de Gabriel Roncon deixam claro que ele não está apto a liderar uma cidade como Ribeirão Pires. Seu desprezo pela verdade, sua manipulação irresponsável dos fatos e sua hipocrisia flagrante o desqualificam para qualquer cargo público. A cidade merece líderes que coloquem o bem-estar dos cidadãos em primeiro lugar, em vez de usar táticas sujas e enganosas em busca de ganhos políticos.

Fique informado

De acordo com a Biblioteca Virtual do Ministério da Saúde, alimentos integrais são considerados funcionais e produzem efeitos benéficos à saúde, além de suas funções nutricionais básicas. Ver aqui.

Reforçando ainda a defesa irresponsável de Gabriel Roncon por sua exótica escolha saudável, segundo o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (USP), alimentos ultraprocessados incluem refrigerantes, bebidas lácteas, néctar de frutas, misturas em pó para preparação de bebidas com sabor de frutas, ‘salgadinhos de pacote, doces e chocolates, barras de “cereal”, sorvetes, pães e outros panificados embalados, margarinas e outros substitutos de manteiga, dentre outros alimentos.

Para saber mais sobre os riscos e malefícios do consumo de alimentos ultraprocessados, clique nos links abaixo:

Ministério da Saúde: Qual é a relação entre consumo de ultraprocessados e risco de mortalidade?

Jornal da USP: Pesquisadores alertam para riscos dos alimentos ultraprocessados

Instituto Nacional do Câncer: Evitar alimentos ultraprocessados é uma das formas de se proteger do câncer

Processo

Aquisição de gêneros alimentícios 26092023

ANEXO I – Planilha de Quantidades, Descrição e Valor

 2022020784795001643801219

ANEXO V – LOCAIS DE ENTREGA

2022020983094001644935151

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