Queda no números de leitores e acesso a literatura é preocupação entre os escritores
Repórter ABC | Luís Carlos Nunes – No último domingo (23), escritores e entusiastas da literatura de Ribeirão Pires se reuniram no Centro Histórico e Literário Ricardo Nardelli para comemorar o Dia Mundial do Livro. O evento, intitulado “Chá de Outono com Escritores”, proporcionou aos autores locais a oportunidade de discutir suas obras, compartilhar experiências e dicas de escrita com outros membros da comunidade literária.
O encontro, que foi aberto ao público, também debateu questões importantes para o meio literário, como formas de incentivar a formação de novos leitores e alternativas para a difícil inserção no mercado editorial. Os participantes trocaram ideias sobre como superar obstáculos para promover a leitura e a produção de obras literárias na região.
Durante o evento, os escritores puderam apresentar suas obras e receber feedback dos presentes. O diálogo foi enriquecedor para todos os envolvidos e demonstrou a riqueza cultural presente em Ribeirão Pires.
O Centro Histórico e Literário Ricardo Nardelli é um importante espaço cultural na cidade, que promove o acesso à leitura e à produção literária por meio de eventos como este. A iniciativa fortalece a cena literária local e contribui para a formação de novos escritores e leitores na cidade.
Ficou definido no encontro, que o grupo se reunirá mensalmente em datas ainda a serem definidas.
Levantamento aponta que no número de leitores, principalmente na classe A
No entanto, apesar dos momentos de celebração, a pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, do Instituto Pró-Livro (IPL), realizada em parceria com o Itaú Cultural, revela que o país perdeu mais de 4,6 milhões de leitores entre 2015 e 2019, representando uma queda de 56% para 52% no número de leitores. A pesquisa também aponta que a internet e as redes sociais são razões para a queda abrupta no percentual de leitores, sobretudo entre as camadas mais ricas e com ensino superior.
Zoara Failla, coordenadora do estudo, explica que as pessoas estão usando o seu tempo livre nas redes sociais, em detrimento da leitura de literatura pelo prazer. A pesquisa mostra que a queda no percentual de leitores foi observada principalmente entre as pessoas com ensino superior e entre os mais ricos.
A pesquisa ainda constatou que o brasileiro lê em média cinco livros por ano, sendo 2,4 livros lidos apenas em parte e 2,5 livros lidos inteiramente. A Bíblia é apontada como o tipo de livro mais lido pelos entrevistados e também como o mais marcante. Porém, o estudo aponta diversas dificuldades de leitura, como 4% dos entrevistados que disseram não saber ler, 19% que leram muito devagar, 13% que não têm concentração suficiente para ler e 9% que não compreendem a maior parte do que leem.
Além disso, a pesquisa também evidenciou os entraves para o acesso aos livros, com a crise econômica como um dos principais fatores que dificultam a aquisição de livros. Segundo a pesquisa, 5% dos leitores e 1% dos não leitores disseram não ter lido mais porque os livros são caros; e 7% dos leitores e 2% dos não leitores não leram porque não há bibliotecas por perto.
Governo anuncia políticas públicas para incentivo a leitura
Em sintonia com o evento realizado em Ribeirão Pires, o Governo Federal anunciou a intenção de retomar políticas públicas para a leitura, com a implementação do Plano Nacional de Livro e Leitura (PNLL) em conjunto com o Ministério da Educação, visando promover a democratização do acesso ao livro e fortalecer a cadeia produtiva do setor editorial. O PNLL é um conjunto de diretrizes e metas para a promoção do livro, da leitura e da literatura no país, buscando envolver diversos setores da sociedade em sua implementação, como governos, instituições de ensino, organizações da sociedade civil e setor privado. A implementação do PNLL é de extrema importância para o país, pois o acesso à leitura é uma ferramenta essencial para a educação e o desenvolvimento social.
Além disso, o Governo também anunciou a criação de uma política de fomento à leitura digital, com a disponibilização de e-books e conteúdos digitais gratuitos para a população. Essa medida é importante para democratizar ainda mais o acesso à leitura, especialmente em regiões mais afastadas ou com dificuldades de acesso a livros físicos.
Ainda no âmbito da promoção da leitura, o Governo anunciou a criação de um programa de incentivo à leitura nas escolas, com o objetivo de estimular o hábito da leitura entre os estudantes desde as séries iniciais. Esse programa deve envolver a distribuição de livros e a criação de bibliotecas escolares, além da capacitação de professores para estimular a leitura em sala de aula.
Essas medidas anunciadas pelo Governo demonstram a importância da leitura para o desenvolvimento do país e da sociedade como um todo. Espera-se que a implementação do PNLL e das demais políticas de incentivo à leitura possa contribuir para a formação de uma sociedade mais crítica, informada e culturalmente desenvolvida.
Nordeste é a região que mais lê
A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, do Instituto pró-livro (IPL), realizada em parceria com o Itaú Cultural, mostra o índice das capitais que mais leram em 2019, data do último levantamento quadrienal. O estudo apontou que cinco das 10 capitais ficam no Nordeste. A campeã João Pessoa, Capital da Paraíba, tem 64% da população classificada como leitora. Em seguida aparecem Curitiba, com 63%, Manaus, com 62%, Belém, 61%, e São Paulo, 60%.
Abaixo dessas aparecem, respectivamente no ranking, Teresina (59%); São Luís (59%); Aracaju (58%); Salvador (57%); e Florianópolis (56%). Vale destacar que a pesquisa foi realizada antes da pandemia de Covid-19, que pode ter impactado a leitura dos brasileiros para mais ou para menos.
Para chegar nos resultados, a pesquisa ouviu 8.076 entrevistados em 208 municípios entre outubro de 2019 e janeiro de 2020, sendo 5.874 nas capitais de 26 estados e do Distrito Federal. A pesquisa é realizada de quatro em quatro anos.
Foram considerados como leitores aqueles que leram, pelo menos, um livro inteiro ou em partes, nos últimos três meses antecessores à pesquisa. A nível nacional, os dados de 2019 mostram a existência de 52% de leitores e 48% não leitores entre os entrevistados. O número caiu em comparação à pesquisa anterior, realizada em 2015. Na época, foram 56% leitores e 44% não leitores.
As maiores quedas no percentual de leitores foram observadas entre as pessoas com ensino superior – passando de 82% em 2015 para 68% em 2019 -, e entre os mais ricos. Na classe A, o percentual de leitores passou de 76% para 67%.