Alana Gandra | Agência Brasil, editado por Luís Carlos Nunes – As altas temperaturas não poupam apenas os seres humanos; os animais, sejam domésticos ou de produção, também estão suscetíveis a riscos associados ao calor extremo, alertou nesta terça-feira (14) a professora Ana Lúcia Puerro de Melo, do Instituto de Zootecnia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).
Ao abordar os animais domésticos, que compartilham os lares, a professora enfatiza a necessidade de proporcionar um ambiente com conforto térmico. Isso implica em garantir sombra, água fresca e manter as vasilhas sempre limpas, trocando a água regularmente. Observar o comportamento dos animais, incluindo hábitos alimentares e urinários, é crucial. Ana Lúcia ressalta a importância de procurar um veterinário diante de qualquer sinal de desconforto.
No contexto da produção animal, o estresse térmico é um desafio significativo. A taxa de mortalidade pode aumentar dependendo da espécie e raça. Mesmo em galpões teoricamente sombreados, o calor excessivo pode elevar a mortalidade, especialmente em aves.
Para animais de produção, a escolha de raças adaptadas e a construção de instalações que garantam sombreamento e fornecimento de água limpa são cruciais. Durante o manejo, ajustes podem ser feitos para evitar estresse durante picos de temperatura, e a atenção ao comportamento alimentar é essencial, buscando compensações em momentos mais frescos.
A professora sugere oferecer alimentos palatáveis e com maior umidade para cães e gatos, estimulando a ingestão de líquidos. Os mesmos princípios recomendados para seres humanos, como redução da atividade e exposição ao sol, aplicam-se aos animais.
Ana Lúcia destaca que o estresse térmico é negligenciado até mesmo em relação aos seres humanos. Conscientização sobre a importância de condições adequadas durante dias quentes é essencial, não apenas para os animais, mas também para indivíduos em situação de vulnerabilidade.
O professor Francisco Gerson de Araújo, coordenador do Laboratório de Ecologia de Peixes da UFRRJ, explica que o calor excessivo está ligado ao fenômeno El Niño, resultando em aumento global de temperatura. Isso afeta os peixes, levando-os a se deslocar para áreas de temperatura mais amena. Esse deslocamento pode ter consequências negativas na cadeia alimentar, com espécies migrando e quebrando a cadeia trófica, podendo levar à extinção.
O efeito local do aumento da temperatura nos oceanos também é prejudicial, reduzindo a quantidade de oxigênio e resultando em mortandade de peixes. A consciência sobre esses impactos é crucial para a preservação dos ecossistemas marinhos.