De acordo com o delegado, o jovem de 14 anos alegou ter acessado os sistemas por curiosidade, enquanto outros membros do grupo o faziam com fins financeiros, vendendo logins e senhas por valores que variavam entre R$ 200 e R$ 1.000
Repórter ABC – No interior do estado de São Paulo, a Polícia Civil conseguiu deter uma quadrilha de jovens hackers especializados em invadir ilegalmente plataformas e sites de instituições de segurança e de Justiça em todo o país. O líder suspeito deste grupo, que vendia acessos clandestinos por até R$ 1 mil, é surpreendentemente um adolescente de apenas 14 anos.
As chocantes revelações dessas investigações, expostas pelo programa de televisão Fantástico da TV Globo, no último domingo (24), revelaram que a quadrilha possuía impressionantes 20 milhões de logins e senhas de diversas plataformas sensíveis.
A habilidade da quadrilha não se limitava apenas a acessar os sistemas, mas também incluía a capacidade de modificar informações, inserir dados falsos em boletins de ocorrência e até mesmo limpar os registros criminais de indivíduos que já tinham tido problemas com a lei.
Os acessos, obtidos por meio de logins e senhas roubadas de servidores, se tornaram commodities extremamente valiosas nas mãos desses jovens criminosos. De acordo com o delegado Adriano Pitoscia, de Bady Bassitt, essas “chaves” eram vendidas por valores variando entre R$ 200 e R$ 1.000.
A reportagem também detalha que a quadrilha tinha acesso a mais de 20 milhões de registros, incluindo 3,6 mil logins e senhas do Tribunal de Justiça de São Paulo, 1,5 mil da Polícia Militar, 500 da Polícia Federal, cerca de 150 do Exército e 89 do Ministério Público do estado paulista.
O rastreamento desse grupo era uma tarefa árdua, pois eles operavam a partir de servidores privados e criavam “conexões fantasmas” para ocultar a origem de seus ataques, tornando impossível identificar o computador ou endereço exatos dos suspeitos.
No entanto, em junho deste ano, a Polícia Civil de Bady Bassitt conseguiu chegar a um suspeito de 17 anos, que operava o esquema na cidade. Através dele, os investigadores chegaram a um jovem de 18 anos na cidade de São Paulo, conhecido na internet como “Fusaao”, suspeito de ter invadido o sistema da Polícia Civil e alterado seu próprio registro criminal para evitar futuras investigações.
A partir dessa descoberta, as investigações se expandiram para um adolescente de 14 anos, residente no Paraná, que confessou ter desenvolvido o programa de computador usado pelo grupo para acessar sites privados e públicos. Ele é apontado como o líder da quadrilha, que se conheceu na plataforma Discord.
De acordo com o delegado Pitoscia, o jovem de 14 anos alegou ter acessado os sistemas por mera curiosidade, enquanto outros membros do grupo o faziam com fins financeiros, vendendo logins e senhas por valores que variavam entre R$ 200 e R$ 1.000.
Além dos membros localizados em São Paulo e no Paraná, outros dois integrantes do grupo, provenientes de Mato Grosso e Santa Catarina, também foram detidos. No entanto, todos foram posteriormente liberados, exceto o adolescente de 17 anos de Bady Bassitt, que permanece sob custódia na Fundação Casa.
A plataforma Discord, onde o grupo supostamente se conheceu, declarou ao Fantástico que adota uma política de tolerância zero em relação a atividades ilegais e que toma medidas para remover conteúdo, banir usuários e colaborar com as autoridades sempre que identifica atividades ilícitas em sua plataforma.